
A gente vive cada coisa aqui, que é difícil imaginar sem achar que é sonho.
Coloquei a mochila quase vazia nas costas, os patins nos pés, o chinelo na mochila e fui até o mercadinho comprar algumas coisas que faltavam na geladeira. O mercado fica há uns 10 minutos andando, 3 minutos de patins. Detalhe: é proibido entrar de patins ou skate na maioria destes estabelecimentos, e eles têm placas indicando isso, até mesmo pelo alto número de pessoas que os utilisam diariamente.
Retirei, então, os patins, coloquei o chinelo, por cima da meia mesmo (é tão comum isso aqui, até no ônibus você vê gente de meia e chinelo). Pois bem, fiz as minhas compras, coloquei tudo na mochila, saí do mercado, sentei no banquinho, coloquei os patins de novo, e pimba! Começou a cair um pé d'agua danado, com trovão, relâmpago e tudo mais.
5 minutos depois, a chuva passou, eu voltei devagarinho na pista molhada, com cheiro de chuva na fazenda, vestido de camiseta regata e bermuda. Chegando aqui perto de casa, começou a choviscar de novo, mas eu já estava bem perto.
Aí vem na cabeça: qual é o preço de poder fazer isso tudo sem preoucupação alguma? Sem medo de assalto, atravessando as ruas de patins como se as ruas fossem minhas, pois os carros paravam só de você chegar perto, às vezes eu não ia nem cruzar o caminho deles. Sem contar que todas as calçadas, eu disse TODAS, têm rampa de acesso.
É por isso que eu digo: "Tem defeito? TEM, e não são poucos! É o paraíso? NÃO! Mas não me tire daqui não. Obrigado."